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Caros colegas,

A SIP comemorou a 29 de junho de 2020 o seu 20º aniversário, com uma história repleta de contributos para a infeciologia pediátrica nacional e internacional, com muita dedicação e entusiasmo, trabalho constante e enorme rigor.

A todos os que direta e indiretamente participaram nesta história, parabéns e muito obrigada!

Congratulamo-nos com a criação do nosso site, uma página de consulta que servirá para comunicar e divulgar, de forma atualizada, informação relevante na área da infeciologia pediátrica, importante para a formação contínua dos profissionais dedicados à saúde da criança e do adolescente e para a promoção da investigação clínica.

Procurámos um design atrativo, acessível e intuitivo. Utilizem-no da melhor forma possível.

Queremos que seja uma ferramenta de todos e para todos.

Fernanda Rodrigues
Presidente da Direção da SIP 2019-2021

Testemunhos de anteriores Presidentes da Sociedade de Infeciologia Pediátrica

José Gonçalo Marques  

(Presidente da Direção da SIP de 2006-2009)

Foram-me solicitadas umas palavras sobre a minha experiência como presidente da Sociedade de Infecciologia Pediátrica (SIP) que comemora agora os seus 20 anos.

Tive o privilégio de estar na génese da SIP, que começou a ser idealizada no âmbito do Grupo de Trabalho sobre a Infeção por VIH na Criança e de participar na sua primeira direção, de que foi presidente o Dr. Pita Grós Dias.

Os seus objetivos eram e são de grande dinamismo. E entre eles vale a pena lembrar: congregar experiências em fóruns de discussão temáticos, promover a investigação e estudos multicêntricos, elaborar orientações nas áreas do diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças infecciosas. Propor e apoiar iniciativas que, no âmbito da Infecciologia Pediátrica, contribuam para a melhoria da saúde da criança.

Assumi a presidência da SIP de novembro de 2006 a maio 2009, com uma equipa constituída por Conceição Neves, Fernanda Rodrigues, Arelo Manso e Luís Varandas.

Na altura estavam já implementados pela SIP os planos de vigilância de transmissão mãe-filho de infeção VIH e Doença Invasiva Pneumocócica. Promovemos um estudo multicêntrico de Gastroenterite Aguda por Rotavírus e desafiámos o INSA para a criação do Grupo de Estudo de Doença Invasiva por H. influenzae na Criança. A Importância destes estudos é enorme. A título de exemplo, as recomendações que fizemos na transição da vacina antipneumocócica 7-valente (Pn7) para Pn10 e Pn13 foram únicas no mundo e adaptadas à nossa realidade.

A SIP é a secção da SPP que mais recomendações produziu. Nesse período foram mais cinco das quais três sobre vacinas extra PNV. O impacto destas recomendações e a participação desejável da SPP levou a que fosse elaborado conjuntamente o regulamento da futura Comissão de Vacinas, que se mantém ativa.

Foram renovados e estabelecidos protocolos com a indústria farmacêutica que permitiram a criação de bolsas de investigação e prémios a atribuir de forma independente pela SIP.
As XI Jornadas de Infecciologia em 2009 foram simultaneamente as Primeiras Jornadas Lusófonas de Infecciologia Pediátrica, com a participação ativa de colegas do Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde.

Promoveu-se o 1º Curso de Antimicrobianos da SIP (com um custo de inscrição de 20€) que se mantém com periodicidade de dois em dois anos.
A SIP promoveu também encontros temáticos, por vezes em conjunto com outras sociedades como neurologia e neonatologia, com o intuito de emitir recomendações sobre áreas comuns.

Acima de tudo, a SIP tem constituído uma oportunidade de melhoria dos cuidados à criança na área da Infecciologia, possível pela vontade dos seus membros, que interagem entre si de forma exemplar, a que não é alheia a amizade que os une.

O espírito de colaboração, abertura na discussão, tolerância (diria necessidade) pelas diferentes opiniões, de curiosidade científica e o grupo de médicos mais novos, que se reveem nestes princípios e foram “infetados” pela Infecciologia, fazem prever um futuro sorridente para esta Sociedade a que me orgulho de pertencer.


 

Laura Marques  

(Presidente da Direção da SIP de 2009-2011)

Sociedade de Infeciologia Pediátrica: história e histórias
A Sociedade de Infeciologia Pediátrica (SIP) da SPP foi concebida em 1998. Nesse ano, um grupo de Pediatras desafiados pela pandemia do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), pela sua gravidade em idade pediátrica e pela descoberta da prevenção da transmissão mãe-filho (TMF)desta infeção, formou o Grupo de Trabalho sobre Infeção VIH na Criança, embrião da SIP na SPP.

O que diferenciava este grupo? Inspirados pelo Dr Pita Grós Dias queríamos fazer ciência a partir do nosso trabalho clínico, partilhar conhecimentos e experiências individuais para benefício de todos, analisar a nossa realidade portuguesa e procurar melhorá-la em conjunto. Integrando as características de todos e fazendo sobressair o melhor de cada um, conseguimos desenvolver um trabalho rico e estimulante e cultivamos amizades profundas entre nós.

A partir dos dados levantados por nós foi possível trabalhar em conjunto e em articulação com as autoridades de saúde para reduzir a TMF do VIH para taxas muito próximas do zero. A área da infeciologia foi pioneira em escrever recomendações e linhas de orientação clínica, em realizar estudos multicêntricos.

Hoje consideramos tudo isto natural e parte integrante do nosso quotidiano. Na altura, a Pediatria portuguesa carecia do conhecimento da epidemiologia nacional e de orientações portuguesas, adaptadas à nossa realidade. Era frequente referirmos isso nas nossas apresentações científicas, quando éramos obrigados a alicerçar a nossa análise em dados epidemiológicos doutros países. Felizmente muito mudou em muito pouco tempo.

Formámos em seguida a Secção de Infeciologia Pediátrica da SPP no virar do milénio. Em 29 de Junho de 2000 reuniram-se os sócios fundadores para a sua constituição. Tive a honra de integrar a primeira Direção eleita nessa assembleia, presidida pelo nosso muito querido Dr Pita Grós Dias de quem recordo a exigência e o rigor, a pedagogia e o bom humor imbatível.

Nunca esquecerei os desafios que me lançou que me ajudaram a crescer e a aprender e o gosto de trabalhar em equipa – trabalhámos imenso mas divertimo-nos muito mais.

Fiz a ponte para a equipa seguinte que também integrei, presidida pela Drª Graça Rocha, de uma simpatia profunda a quem toda a Infeciologia portuguesa muito deve. Com ela organizamos uma reunião da ESPID, Sociedade Europeia de Infeciologia Pediátrica no Porto, em 2007.

Anda hoje sou abordada por colegas doutras nacionalidades que recordam com admiração e entusiasmo essa reunião! Constituiu uma excelente contribuição para a internacionalização de Portugal nesta área. Com ela organizamos também a 1ª Reunião Luso-Brasileira de Infeciologia Pediátrica, iniciando um trabalho que foi continuado com os colegas brasileiros e de países africanos de língua portuguesa.

Fui eleita para Presidente da 4ª Direção da SIP. Tive o privilégio de coordenar uma equipa incrível de Pediatras empenhados. Trabalhámos arduamente com o foco na profunda interligação entre a infeciologia e a imunologia que culminou nas Jornadas Nacionais realizadas em 2011 sobre o tema Imunidade e Infeção, em Braga. Desde as imunodeficiências primárias à infeção pelo VIH e, mais recentemente, à infeção por SARS-CoV2 testemunhamos a indissociabilidade destas duas áreas.

Presidi também à primeira Direção da Comissão de Vacinas da SIP/SPP, criada para responder à necessidade de termos recomendações sobre vacinas escritas por Pediatras para Pediatras. A introdução frequente de novas vacinas e a evolução rápida do conhecimento nesta área têm demonstrado a importância desta comissão e das recomendações que tem elaborado.
Sinto um grande orgulho por pertencer a este grupo e a esta Sociedade! Parabéns SIP!!!

Bem hajam pela amizade e saber que partilharam comigo ao longo dos anos e bem hajam por me terem ajudado a recordar estas gratificantes páginas da nossa história.


 

Luís Varandas   

(Presidente da Direção da SIP de 2013-2017)

A Sociedade de Infeciologia Pediátrica faz 20 anos. Para assinalar a data, a atual direção lançou um desafio: contar as estórias que ajudaram a construir a nossa história. Aceite o desafio impõe-se um ponto prévio: quando um grupo de amigos escreve sobre a sua história o resultado é, seguramente, enviesado. Talvez até repetitivo. Ainda assim… para me ajudar na história recuperei um texto de que escrevi para a RPDI, em 2014.

A primeira referência à infeciologia pediátrica poderá estar no Papiro Ebers, escrito cerca do ano 1552 AC, onde são discutidos, entre outros, o tratamento das parasitoses ou “doenças dos olhos”. Hipócrates, no Primeiro Livro das Epidemias, descreve uma epidemia de parotidite e, no séc. IV, Oribasius, deixou descrições de exantemas, tosse, coriza, otorreia e “inflamação do cérebro”. Avicena, médico e filósofo muçulmano do século XI, escreveu sobre tétano, tosse, aftas, otorreia, febre, parasitoses, diarreias.

Em 1798, Jenner “inventou” a primeira vacina da história e no século seguinte, as descobertas de Louis Pasteur, na atenuação de microorganismos, contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento da vacinação.

O biólogo russo Metchnikoff defendeu, em 1884, a teoria de que os “macrófagos” e os “micrófagos” “engoliam” e destruíam os agentes patogénicos e tornou-se o primeiro a chamar a atenção para o papel da imunidade celular na defesa contra as infecções. A teoria da imunidade humoral surgiu em 1890 e, em 1903, A. Wright e S. Douglas, demostraram que as duas teorias não eram antagónicas, mas pelo contrário, se completavam.

Theodor Escherich (1857-1911), nascido em Ansbach, Baviera, Alemanha, é por muitos considerado o primeiro infeciologista pediátrico. Internista de formação, grande parte da sua prática clínica foi dedicada à pediatria, mas tinha treino específico em microbiologia, bacteriologia, imunologia, doenças infecciosas e epidemiologia. Os seus estudos incluíram a microflora intestinal, tendo demonstrado que o mecónio era estéril e que a colonização intestinal ocorria três a 24h após o nascimento fruto do contacto com o ambiente, incluído o leite materno.

No final dos anos 70 do século passado Stanley Plotkin, em Filadélfia, criou o Pediatric Infectious Diseases Club que viria a dar origem à Pediatric Infectious Diseases Society, em 1984. Um ano antes, em 1983, foi fundada a European Society for Paediatric Infectious Diseases, registada em Munique, Alemanha, mas agregando pediatras de toda a Europa com especial interesse na infecciologia pediátrica.
Em Portugal, foi criado em 1998 o Grupo de Trabalho sobre infecção VIH na Criança, que viria a tornar-se no embrião da Secção de Infeciologia Pediátrica da Sociedade SPP, formalmente fundada em 2000, presidida por Pita Groz Dias. Em 2009, a denominação foi alterada para Sociedade de Infecciologia Pediátrica e nesse mesmo ano foi criada a Comissão de Vacinas da SIP/SPP, com o objectivo e elaborar recomendações para a utilização de vacinas, em idade pediátrica, não incluídas no Programa Nacional de Vacinação.

Desde a sua criação a SIP elaborou recomendações, criou grupos de estudos multicêntricos e organizou vários Encontros, Jornadas e Cursos subordinados à temática das doenças infecciosas em idade pediátrica. Criou o Prémio Dr. Pita Groz Dias, justa homenagem a um infeciologista ímpar e um Homem exemplar, e bolsas de estudo para realização de estágios de infeciologia em serviços de reconhecida idoneidade.

Ao longo destes 20 anos, ultrapassaram-se obstáculos, venceram-se desafios, com base na colaboração, na tolerância, no espírito crítico e científico, mas sobretudo na amizade e em muita cumplicidade.

Um agradecimento formal, mas sincero e sentido, a todos os colegas com quem tive o privilégio de colaborar na direção da SIP, especialmente aos que me acompanharam enquanto presidente: Catarina Gouveia, Filipa Prata, Gustavo Januário e Diana Moreira. A eles e aos outros o meu muito obrigado. Aos que, entretanto, chegaram e aos que estão aí, mesmo à porta, bem-vindos, a SIP é vossa!


 

Margarida Tavares   

(Presidente da Direção da SIP de 2017-2019)

Durante 2017-2019 tive o prazer e o privilégio de presidir a Sociedade de Infeciologia Pediátrica. Foram 2 anos de muito trabalho, sonhos e projetos.

Pude testemunhar o entusiasmo, a enorme capacidade de trabalho e a competência da minha equipa. Foram tempos de grande azáfama, aprendizagem constante, sempre norteados pelo objetivo de divulgar o melhor da nossa Infeciologia Nacional e Internacional e contribuir para a dicussão e atualização dos novos conhecimentos.

Constatamos com grande alegria a enorme adesão às iniciativas da SIP, o que constitui uma prova de grande vitalidade e alento para o futuro.

Foi e continua a ser uma honra e um grande orgulho poder pertencer a este grupo de trabalho. As doencas emergentes e reemergentes, as mudanças climáticas, as guerras e a pobreza são um desafio crescente do nosso mundo. Vivemos tempos peculiares e a SIP saberá seguramente estar à altura do desafio.

Parabéns SIP!